"Antes ouvir o monólogo de um mudo, que o diálogo de dois ignorantes!"

sábado, 27 de fevereiro de 2010

ISTO É: HOUVE DINHEIRO PÚBLICO NO MENSALÃO. E LULA FOI AVISADO

O Mensalão é um desses casos que envolvem gente poderosa e o não exatamente glorioso sistema jurídico brasileiro, ou seja, nem sempre aquilo de que temos certeza costuma ser "provado" nos tribunais. Mas, dessa vez, conseguiram algumas provas - e documentais - mostrando algo até então negado peremptoriamente pelos réus: o dinheiro usado no esquema era mesmo de administrações públicas.

É o que revela reportagem exclusiva da Revista IstoÉ, disponível nas bancas nesta sexta-feira.

Segundo a reportagem, que teve acesso aos documentos do processo do Mensalão, e se baseia nos autos para trazer os fatos a público, a Prefeitura de Belo Horizonte, então sob o petista Pimentel (hoje um coordenador da campanha de Dilma Rousseff), teria superfaturado contrato (e realizado dispensa ilegítima) para remeter dinheiro ilegalmente ao exterior (ao todo, US$ 80 milhões).

Parte da grana que pagaria Duda Mendonça, coisa que o próprio publicitário reconheceu em depoimento à CPI - por meio da Dusseldorf Company.

Além disso, também apontam a quitação da dívida do PT do Rio Grande do Sul diante das despesas com o Fórum Social Mundial, algo em torno de R$ 1 milhão - dinheiro repassado ao diretório estadual gaúcho. Vejam imagem a seguir (da reportagem exclusiva da IstoÉ):

Outra fonte de dinheiro público seria o Banco do Brasil, inicialmente refutada pelo governo, mas agora severamente implicada pela testemunha Danevita Ferreira de Magalhães. Em testemunho prestado à PF, ela revela que uma campanha encomendada pelo banco à agência DNA, de Marcos Valério, nunca foi realizada. Valor total da brincadeira: R$ 60 milhões. Quando Danevita avisou aos superiores da não-execução do contrato, foi afastada de suas funções. E o Instituto de Criminalística da PF, segundo a revista, possui laudos comprovando mais desvios oriundos do BB.

Ex-Ministros Desmentem Lula: Ele Foi Avisado
Além de derrubar a tese petista (todos sabíamos furada, mas até então sem provas), o inquérito também desmente a versão de Lula. Nada menos que TRÊS ex-ministros desmentem a história contada pelo Presidente, alegando ter sabido do Mensalão apenas quando surgiram as denúncias. São eles: Aldo Rebelo, Marcio Thomaz Bastos e Walfrido dos Mares Guia.

Sim, Lula sabia. Perante o juízo, os ex-ministros assim depuseram:

Tudo isso, vale reiterar, foi dito na condição de TESTEMUNHAS em processo judicial, não são declarações para a imprensa, gravações sigilosas nem nada do tipo. São documentos oficiais, e ASSINADOS pelos três.

FHC e José Alencar depuseram em juízo - o vice-presidente enviou depoimento por escrito. Lula, embora convocado, usa a prerrogativa do cargo para não depor.

Quanto ao mais, e para mais detalhes, sugiro a leitura da reportagem da edição desta semana da IstoÉ (não está disponível online, apenas nas bancas e, por razões óbvias, não vou scannear tudo).

E nem venham falar em "escândalo requentado", pois prova documental de dinheiro público e prova testemunhal em juízo de TRÊS ex-ministros, dizendo que Lula SABIA do Mensalão, desculpem, é novidade. E grave.

* * *

Atualização

"TERRA MAGAZINE": PROCURADOR NEGA O QUE ESCREVEU AO JUÍZO FEDERAL
Sim, foi o que aconteceu, e servem para provar tal fato trechos a reportagem de Claudio Leal, publicada no "Terra Magazine":

"MPF: "Não há nenhuma prova ligando Pimentel ao mensalão" - Por meio da assessoria do Ministério Público Federal, de Minas Gerais, o procurador Patrick Salgado Martins afirma que os fatos narrados pela revista IstoÉ "estão fora de contexto". O coordenador da campanha de Dilma Rousseff e ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), não foi denunciado no caso do mensalão. Segundo o MPF, o procurador ressalta que os denunciados - Glauco Diniz Duarte e Alexandre Vianna de Aguilar - "cederam uma conta aberta por eles no exterior para o esquema do mensalão. Ou seja, eles fizeram parte do esquema. A ligação deles com Pimentel é a de que eles foram os empresários que venceram a licitação da Olho Vivo". O procurador acrescenta: "Não há nenhuma prova ligando (Fernando) Pimentel ao mensalão. Obviamente, por essa razão, ele não foi denunciado. Se houvesse alguma prova, isso teria acontecido." O MPF avisa que não vai se pronunciar sobre qualquer outro fato porque o processo encontra-se em segredo de justiça. A revista IstoÉ que chegou nesta sexta-feira às bancas trouxe uma reportagem sobre o relatório final do que chama de "Mensalão do PT", com 50 depoimentos colhidos pela Justiça Federal. Na interpretação da revista, "ele (Fernando Pimentel) é apontado como um dos operadores da remessa ilegal de recursos para o Exterior, depois usados para pagamentos de dívidas do PT com o publicitário Duda Mendonça".

Vamos aos fatos:

1) Há prova ligando Pimentel ao Mensalão;
2) Não houve licitação, mas dispensa;
3) Quem diz isso? O PRÓPRIO PROCURADOR!

Leiam petição assinada pelo mesmíssimo Patrick Salgado Martins, publicada pela Revista IstoÉ:

Dureza, né? Está tudo aí: NÃO HOUVE LICITAÇÃO, mas dispensa. E foi correta? Não, não foi. Segundo o signatário da peça, que agora nega o vínculo do ex-prefeito e atual coordenador da campanha de Dilma Rousseff, houve diversas irregularidades. Quais foram? Superfaturamento e DISPENSA ILEGÍTIMA. Além do vínculo entre Pimentel e o contratado (SEM LICITAÇÃO), o Procurador aponta vínculo entre o coordenador da campanha presidencial petista de 2010 com DUDA MENDONÇA. Podem ler, tá tudo aí.

Para onde mesmo foi o dinheiro? Ah, sim... PARA OS EUA! PARA A CONTA DE DUDA MENDONÇA! A petição do MPF, portanto, descreve de forma cristalina a ORIGEM do dinheiro, a ligação de Pimentel com o contratado pela Prefeitura - que dispensou de forma ilegítima uma licitação -, e também sua ligação com o BENEFICIADO pelo dinheiro que chegou aos EUA. Foi, portanto, segundo o próprio Procurador, um dos operadores do esquema.

Se não houve denúncia contra o ex-prefeito, aí não é culpa de nós, cidadãos. Mas não é por isso que, agora, tendo sido revelados esses fatos, ele não possa ser denunciado definitivamente. E nem pode o Procurador dizer que uma coisa não é uma coisa, quando ele próprio ESCREVEU E ASSINOU exatamente o que agora nega ao repórter do Terra.

Taí.


Fonte: Imprensa Marrom

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